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segunda-feira, 25 de abril de 2022

Os Protetores da Floresta Contra os Malvados Destruidores















I - Os Protetores da Floresta Planejam Como Expulsar os Malvados Destruidores

Uma horda de homens muito maus e perversos
causavam à Floresta Amazônica males diversos.
Assim, a floresta eles passaram a destruir!
E Curupira, protetor da matas e das caças,
não podia mais aturar tamanha desgraça;
e foi assim que para os tais malditos banir,
convocou as entidades das matas para uma reunião,
pois que se fazia necessário e urgente uma solução
e era preciso agora de todos a união
para livrar a floresta daquela maldição.
E todos atenderam a convocação sem demora;
que se tomasse uma atitude, já passava da hora;
para acabar com a ameaça de extinção da floresta;
carecia de proteção o reino em que todos ali viviam.
E expondo a situação a todos quanto ali lhe ouviam,
Curupira, com seu corpo peludo e um olho na testa,
relatava a todos porque a floresta estava em agonia:
a vida na floresta estava sendo dizimada noite e dia;
a natureza estava a sofrer, a clamar por sobrevivência;
índios, animais e matas, assassinados sem clemência…
E a todos eles ali reunidos, muito interessados,
Curupira falou da dor que floresta tem passado:
estão incendiando a mata, esses homens daninhos;
árvores milenares, os desalmados estão a derrubar;
as aves acabarão ficando sem ter mais onde pousar,
e muito menos poderão nelas fazerem seus ninhos;
os animais na floresta já não podem ficar;
muitos já tem morrido assim a se queimar.
É muito triste tudo isso que está agora acontecendo:
a floresta sendo incendiada e seus bichos morrendo.
E crueldades mais estão fazendo os malvados:
o chão da floresta está sendo todo escavacado
por esses endemoniados, em busca de minerais;
grande mal o garimpo assassino vai causando:
venenos nas terras e nos rios estão lançando,
causando à floresta estragos, avarias demais…
Não podemos, deste modo, ficar sem nada a fazer;
os peixes dos rios, envenenados, estão a morrer
os índios, dessas águas estão bebendo,
acabam também adoecendo e morrendo…
Outros desgraçados outros males estão causando:
os animais da floresta estão aos montes retirando,
fazendo tráfico dessas pobres criaturas,
condenando esses bichos à extinção;
e não aceitaremos tais maldades, não,
e a floresta sofrendo esta desventura.
Os índios têm contra os facínoras lutado,
e muitos índios então eles já têm matado…
Por isso convoquei vocês para algo podermos fazer
e preciso ouvir agora o que é que vocês tem a dizer.
A Caipora falou primeiro, e estava pra lá de indignada;
disse que toda aquela maldade tinha de ser revidada!
Em sua pequena estatura de índia duende,
com seu corpo e cabelos e avermelhados,
disse que a defender a floresta todos eram obrigados;
morte a todos aqueles que a sagrada floresta ofende;
que os animais não podiam mais com aquela agonia
e que se tomasse uma providência no momento urgia;
e os malfeitores pagariam pelo mal que já causaram!
E todos com a sua fala assentiram, e muito vibraram.
Logo em seguida foi a Cuca quem se manifestou,
e muito revoltada com a situação ela se mostrou:
a velha bruxa com cabeça de jacaré
disse que não podiam aquilo aceitar;
que a floresta pedia socorro a agonizar
e que tava ali agora para o que der e vier;
que ia botar aqueles sinistros pra correr;
que amargamente eles iriam se arrepender
de terem botado os pés sujos na floresta,
iam ser punidos, e de forma bem funesta,
e que mereciam boas lições aqueles malvados!
E todos concordaram com altos urros e brados.
O Saci tava revoltado com aquela sacanagem
e disse que aprontaria merecidas traquinagens
para debandar encarreirados tais invasores vilões.
Todo pretinho, descalço e pulando na sua perna só,
disse que os facínoras mereciam sofrimento sem dó;
que já era mesmo hora de mostrar àqueles vacilões
que a floresta tem os seus aguerridos protetores
e que aqueles condenados iriam pagar com dores.
Com seu gorrinho vermelho e cachimbo na boca,
garantiu que a dor dos bandidos não seria pouca.
A Mula Sem Cabeça toda irada, incontida, bradava,
e o fogo que era a sua cabeça mais se avolumava,
e falava que a floresta morria por tamanhas agressões
e em seu corpo de porte volumoso, de burrinha marrom,
jurava que para aqueles canalhas não ia ser nada bom
e que aqueles malfeitores mereciam severas punições
pelos males que estavam à sagrada floresta causando
e que as batatas desses diabos já estavam era assando;
que jamais queria estar na pele daqueles bandidos…
E todos ali lhe fizeram coro com um grande alarido.
O Boitatá muito irritado começou a se pronunciar,
dizendo que tal situação não se podia mais tolerar
e que toda aquela maldição tinha já que ter um fim.
Com o seu formato de cobra, e com fogo a expelir
de seu vários olhos ao longo do seu corpo a reluzir,
disse que a sagrada floresta não sobreviveria assim
e que pro inferno donde jamais deveriam ter saído
iriam ter que voltar aqueles tais demônios, banidos;
que a floresta não merecia jamais tal sofrimento
e aqueles canalhas iriam ter o seu merecimento!
Então foi a vez de Iara dar o seu pronunciamento:
disse estar triste por a floresta passar tal tormento
e que era necessário que todos ali entrassem em ação;
que a floresta já havia tido perdas e sofrimentos demais,
tanto de árvores, como dos rios e também dos animais
e não se podia desta forma tolerar tal maldade mais não.
Meio peixe, meio mulher, tão linda e sedutora,
não via a hora de agir contra a horda invasora;
com o seu cabelo verde, florido e voz tão bela…
Todos apoiaram sua fala, sentindo firmeza nela.
E quando da sua vez, o Boto Cor-de-Rosa falou
e disse estar muito revoltado com aquele horror
que era necessário salvar a floresta da maldição
que aquele bando de malditos iriam assim saber
em que roubada fé que foi então se meter
e que a floresta se fortalecia com a união.
Por momentos o Boto tirava o chapéu ao falar
e o buraco sobre sua cabeça se podia avistar;
disse que os desgraçados não iam ficar de boa
e iam ver com quantos paus se faz uma canoa!
Então foi a vez do Mapinguari se manifestar;
que os canalhas não perderiam por esperar;
e que seus guardiões de poderes tem a floresta
para a harmonia divina das matas poder manter
e que todos ali juntos deveriam a sua parte fazer
pra punir severamente essa gente que não presta.
O corpo coberto de pelos, e mãos de afiadas garras
na barriga, em vez do umbigo, assustadora bocarra,
e gritou alto: morte aos facínoras destruidores!
E todos o acompanharam com bravos rumores.
E por fim foi a Cobra Boiuna, revoltada a falar,
dizendo já ter passado a hora daquilo acabar
e aqueles que vieram a floresta destruir
tinham que ter o seu castigo merecido.
Boiuna falava alto, e muito aborrecido,
que era hora daqueles malvados punir;
que iam ver com quem estavam se metendo,
disse a cobra escura, de tamanho tremendo
e todos a salvaram, sentindo força na união;
e logo começaram a traçar os planos de ação.

II - Os Protetores da Floresta Põem em Ação Seus Planos Contra os Malvados Destruidores
Estavam lá destruindo a floresta os malvados;
tudo ali estava em torno feio, muito devastado:
uma enorme extensão de área nefastamente desmatada;
era a floresta em barro, poeira e lama, era uma triste cena
de árvores derrubadas; só os tocos gigantes às centenas
e também ali grandes partes daquelas matas incendiadas.
Ali já não podia mais a onça caçar, a cobra rastejar;
ali já não podia a arara fazer seu ninho, e nem voar;
os macacos pular de galho em galho ali já não podiam
e os maléficos ainda mais e mais as matas destruíam.
Mas os guardiões das matas, seus valentes protetores
já estavam agindo contra os desgraçados destruidores
e já pondo em ação tudo o que houveram planejado;
o Saci então já houvera visitado seus acampamentos
e já tinha aprontado umas segundo seus merecimentos;
e logo pela manhã, ao escovar os dentes, os malvados
sentiram na boca ardência pior do que a pior pimenta;
era uma tal ardência daquelas que ninguém aguenta,
e chiavam de dor e começaram a uns aos outros culpar
e aos bofetões uns contra os outros passaram a brigar…
Horas depois, a ardência passou e as bocas desincharam
mas o café estava com gosto tão ruim que não tomaram,
o pão estava uma porcaria, todo mofado e o leite azedado;
e bem mais traquinagens tinha aprontado por ali o Saci…
Culpando uns aos outros acabaram brigando ali entre si;
ficaram com fome e com hematomas dos socos trocados,
ainda assim os malvados foram mais árvores cortar,
mas quando ligaram a motosserra, deu de sacolejar,
não dava pra segurá-la e uns altos pipocos soltava
e assim caiu no chão, que ninguém mais controlava…
E assim a moto serra saiu se rastejando pelo chão
e os malvados dela fugindo, saíram pulando então
e pulando iam caindo e com a cara no chão iam dando
e por fim a motosserra deu foi um grande pipoco final
e deu de soltar uma fumaça preta que não era normal
e os malvados assustados uns aos outros se olhando
e logo então recomeçaram a uns aos outros culpar
e assim foi que de novo passaram a se esbofetear,
mas depois resolveram se aliviar no garrafão de cachaça
e logo cuspiram com agonia, a bebida tava uma desgraça.
A cachaça, queimando bem pior do que gasolina estava
e o bando de malvados com a boca em ardência gritava,
correram pro tonel d’água para as bocas poderem lavar.
E eles já não tinham mais muito o que fazer então
e decidiram ligar para contar para o chefe a situação
- o chefe, o que mandou aqueles pra mata degradar-
e o chefe respondeu que um avião já estava mandando
com combustível, motosserras e comida, logo chegando,
que era pra bem mais árvores derrubar, matas incendiar…
E assim, ficaram ali os malvados pelo avião a esperar…
A Curupira e o Saci estavam por ali muito se alegrando
com os perrengues que os malvados estavam passando
pelas traquinagens que o Saci tinha pra eles preparado
e resolveram convocar a Cuca para uma arte aprontar,
recepcionando o avião que já estava para chegar;
e os malvados esperando, ansiosos, agoniados,
sem poder tomar café, sem cachaça poder beber,
famintos, resolveram ir seu feijão com arroz comer,
mas o feijão com arroz estava era cheio de morotó
a carne tava apodrecida; ficaram com uma fome pior…
E no acampamento onde o criminoso garimpo estava,
outro bando de malvados também perrengues passava:
o Saci tinha aprontado a mesma arte nos seus mantimentos,
na pasta de dente, café com pão, cachaça, arroz com feijão;
ficaram de boca ardendo, com fome, naquela aperreação;
e também brigaram entre si, tinham hematomas e ferimentos,
uns aos outros se acusando de terem aprontado sacanagens:
as máquinas dando pipocos, estourando as engrenagens,
e andaram sozinhos os tratores, perseguindo os capetas
e por fim, dando um pipoco forte, soltando fumaça preta.
E ficaram também cheios de ódio esses malvados;
por esses tais acontecimentos, ficaram aperreados
e resolveram ligar para o seu chefe, o miseravão
-o que os mandaram para a floresta escavacar
os rios envenenar, os peixes e índios a matar-
e o chefe disse que tinha já ouvido tal situação:
no outro acampamento teve também uns horrores
e tinha mandado um avião pros outros destruidores,
e que ia chegar pra descobrir o que tava acontecendo;
que logo logo num helicóptero já estaria aparecendo.
E lá no acampamento dos derrubadores de árvores malvados
o avião com a comida, motosserras e combustível esperado
estava chegando; e a Cuca, velha bruxa, também esperava
e se transformou em uma enorme borboleta negra e voou
e com as enormes asas abertas na frente do para-brisa ficou.
O piloto ficou sem visão da pista de pouso e se desesperava;
os olhos esbugalhados de medo daquela horrenda criatura
e acabou perdendo o controle do avião, foi perdendo altura
e o avião de bico num pântano ali próximo se enterrou ao cair
e o malvado piloto, levou pro fundo do rio uma enorme sucuri.
Então apareceu enorme cobra com corpo de fogo a exalar
e foi tocando fogo em tudo por ali, era o temido do Boitatá
incendiando as barracas o acampamento dos malvados,
camas, roupas, até o avião, Boitatá tudo foi incendiando.
E os malvados correram assustados, pra mata se debandando
aí deram de cara com a Mula Sem Cabeça, ficaram apavorados
se borrando de medo seguiram tomando outro rumo então
aí deram de frente com o Mapinguari no meio da escuridão
e os malvados aterrorizados, cada qual prum lado correndo
e no meio das matas de onças famintas foram se perdendo.
O acampamento do derrubadores de árvores estava destruído,
porém barcas carregadas de troncos haviam pelo rio já saído;
navegavam, carregando centenas de árvores assassinadas
e os malvados gananciosos com a venda delas já contavam,
mas mal sabiam aqueles miseráveis o que lhes esperavam:
Boto Cor-de-rosa sabotou os motores; as barcas ficaram paradas
e aí Boiuna então chegou, com força, as embarcações a levantar,
logo aquelas toras de madeira já estavam no rio a boiar
e a Boiúna os barcos dos malvados aí então afundou
e um bocado de jacarés os malvados pelo rio arrastou.
E lá no acampamento dos malvados garimpeiros estava a chegar
o tal líder dos destruidores da floresta em um helicóptero militar
e a Cuca na enorme borboleta negra se transformou
e apareceu na frente do piloto, que ficou estupefato
com aquela figura tenebrosa, bem medonha de fato
e perdendo o controle, o helicóptero rodou, rodou
e o líder da destruição da floresta de paraquedas já pulava
e o helicóptero ainda sem controle rodava, rodava, rodava
e no alto duma árvore gigante foi que acabou dependurado
e uma faminta onça foi lá pegar o piloto do grande malvado.
E o líder dos destruidores em solo se livrou do pára-quedas
e foi em direção ao garimpo criminoso que a floresta depreda
e no no caminho viu no rio uma mulher maravilhosa
que lhe convidou com voz sedutora a com ela nadar
e ele todo se achando jogou-se no rio a mergulhar;
ela então perguntou-lhe o nome, a voz bem carinhosa
-Jaimes Bozoengo - ele respondeu, e todo se achando
e Iara pro meio do rio foi o miseravão levando
e de repente, ela firme pelo pescoço lhe agarrou
e pro fundo do rio levou e nunca mais que voltou.
E então foi a vez do acampamento do garimpeiros queimar
quando também apareceu por lá furioso o terrível Boitatá
e saiu as barracas e maquinários dos malvados incendiando
e eles com aquela serpente de fogo ficaram bem apavorados
e um após o outro foram entrando pro meio da mata, avexados,
mas a Mula Sem Cabeça já os estava mais à frente esperando
e quando de frente com a aquela figura horrenda se depararam
horrorizados então, logo um outro rumo os malvados tomaram
e aí deram então de cara com o monstruoso Manguapari
e estatelados fugiram um pra cada lado entre as onças ali.
Outros malvados estavam na mata a animais aprisionar
para levá-los da floresta, seu lar, para os comercializar
Caipora então apareceu soltando uivos assustadores
e fugindo temerosos, acabaram pelos pés pendurados
em armadilhas que o Caipora já tinha pra eles armado
para os desalmados pararem de praticar seus horrores
àqueles animais todos em pequenas gaiolas oprimidos,
pelos maus tratos muitos adoecidos e outros já morrido;
papagaios, araras, micos, iguanas e tantos outros animais
Caipora os soltou à liberdade da mata; cativeiro não mais.
III - E Enfim a Paz Reinou na Floresta.
E enfim a paz e a harmonia à floresta sagrada voltou
as Entidades Sagradas daqueles malvados livrou
pondo de vez um fim a toda aquela agonia e sofrimento
as matas sendo devastadas, a bicharada assassinada
seu chão todo sendo escavacado, suas águas envenenadas
seus protetores a livraram de tal tormento
e a floresta voltou a viver tempos de paz
a floresta, dos índios, das matas, dos bichos acolhedora
reino da Curupira, da Caipora, e outras entidades protetoras.

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