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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Resistentes Idealistas Sonhadores da Rua do Poeta

Era Anos Oitenta bombando suas novidades
Centro da Cidade vibrando alta vitalidade
Ambiente efervescente em pulsante animação
Gentes frementes em palpitante agitação
festivos, exultantes em ruidosos burburinhos
Das mesas e cadeiras nas calçadas, agitados barzinhos
Tilintar de garrafas, pratos, talheres  e copos de bebidas
e eram restaurantes, boates, lanchonetes concorridas
buzinas, luzes e cores de carros e de motos reluzentes
bem como dos letreiros dos estabelecimentos e das gentes
em suas caras e bocas, roupas, entusiasmos e sorrisos
envolvidos num aparente panorama de noturno paraíso

e logo ali animada num contexto semelhante
a Rua do Poeta pululava de gente mais interessante
pela Rua do Cabeça,  numa esquina a dobrar
na Data Magna da Independência do lugar
a rua do Poeta da Liberdade se fazia frequente
de pessoas genuínas, uma galera diferente
tipos notáveis, umas incríveis pessoas caras
uns mesmos impagáveis, de fato figuras raras
E eram artistas de vários naipes,  sonhadores em geral
idealistas incomuns vibrando em alto astral
e eram poetas, músicos, cantores, atores
estilistas, escultores, pensadores, pintores, escritores

ali rolavam encontros, brindes, em clima de confraternização
E se faziam amizades por mais profunda identificação
Por pensamentos, aspirações e afins interesses artísticos
E entre cervejas  e outros drinks e petiscos
Nas mesas repletas ou mesmo ao pé do balcão
Se trocavam muitas ideias, papos cabeça de montão
Todos os assuntos ali então debatiam as criaturas
Política, Arte, Filosofia, Sociologia, Geral Cultura
E eram apocalípticos, integrados, materialistas, espiritualizados
regionalistas, universalizados, politizados, alienados
esquerdistas, direitistas, centralizados, moderados, extremistas
rolavam debates acalorados por divergentes pontos de vista

Mas raro era que por isso se chegassem às vias de fato
Pois eram mais gente fina, civilizada, de fino trato
Rolava também azoação em clima de descontração, de folia  
Sarros, piadas, gozações, tiradas, brincadeiras de pura alegria
A maioria desses frequentes eram de estirpe superior
Mas, não raro também pintavam uns de estirpe inferior
 Pois a despeito de pintar toda aquela gente sangue bom
Era a rua, pintavam mal resolvidos, psicopatas, de péssimo tom
e assim entre profissionais liberais, estudantes, trabalhadores  
Pintava também todo tipo de malandro, vagabundos, malfeitores
Também uma gente muito baixo clero, despreparadas
Podia pintar também uma gente perigosa,  da pesada

Também ali, gente que na intenção de outro estava
E aí eram provocações, porradas, até sangue rolava
Mas  a turma boa evitava esses baixo-astrais
os de bom nível ignoravam esses tais
Essas ondas brabas eram incomum de rolar
Porém faziam parte da emoção do lugar
Compunham o clima de tensão, suspense e aventura
Mas predominava a magia, o alto-astral das boas criaturas
também ali ovelhas negras em tempo de ganhar o mundo
sementes, cobaias, cobras criadas nos seus aprofundos
e era mesmo tanto menino e menina no olho da rua
além de forasteiros, aventureiros, malucos, de lua

E eram poetas com seus livretos; pintores com suas telas
Atores em ações; escultores de esculturas belas
Mas havia aqueles que se faziam um grupo mais especial
Eram aqueles da turma de aspiração musical
juntavam gente faziam-se centro das atenções
tocando plangente suas músicas e dos ídolos aos violões
exibindo seus talentos, estilos, virtuoses, destreza
nos toques das notas, nas interpretações com beleza
notas das cordas e vozes na Rua então ecoavam
encanto e admiração aos presentes despertavam
desde filosóficas existencialistas a políticas engajadas
faziam-se as músicas com romantismo desfiadas

Mas uns não 'tavam nem aí pra tocar nada não
Só queriam mesmo era soltar os cantos vozeirão
suas ideias e sentimentos nos cantos Interpretar
enquanto vivendo suas aventuras, histórias para cantar
Zé Firmino mesmo deixava nêgo admirado
Quando soltava seu vozeirão afinado
José Manuel uma vez então foi lhe perguntar
Você canta bem, por que não aprende a tocar?
E ante o silêncio de Zé Firmino, Zé Budega foi responder
Quando ele tiver no cu da cobra procura aprender
E dizendo assim soltou uma gargalhada
E José Manuel só disse: e quem lhe perguntou nada?

Zé Budega vivia bebendo, soltando tiradas
Mas agora fez as ideias de Demóstenes relembradas
Demóstenes tocava e cantava e era ali muito querido
Deixou muitas saudades a todos depois de falecido
Filosofava sobre música que o importante primeiro
Era sacar a vida pra ter seu entendimento inteiro
Que o que faz o artista não é aprender a tocar
Mas uma visão de mundo que na sua vivência buscar
O que faz o artista não é apenas um violão
Mas o conteúdo próprio que adquire no mundão
A tocar qualquer um pode aprender
Mas o quê de se expressar, aí é complicado de ter

E assim por violões e vozes eram cantorias desfiadas
Em volta das mesas de drinks, petiscos e loiras geladas
Alguns não dissimulavam mesmo seu desejo de sucesso
Pelo que, se acreditavam a caminho, fazendo progresso
E tanto acreditavam que prometiam fazer e acontecer
E seguiam na força da promessa fazendo por onde ser
No ideal de tornarem-se como aqueles que amavam
E que mais de perto lhe chegavam pelo que cantavam
Ensaiando voos, gente prometia brilhar
Confiantes de poderem se projetar
De em som no astral se lançar
De na difícil arte da música conquistar seu lugar

(continua)

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