Tomada numa conveniência da sua investida
De alcançar a promissora cidade sonhada
Na arremetida dessa aventura determinada
Fidalgo Infante se depara a certa altura
Com medonha e ameaçadora criatura
Um espantoso e sinistro dragão do mal
De ira manifestada em rugido infernal
De unhas enormes e pontudas, suas garras afiadas
De olhos incandescentes como brasas avermelhadas
Já ameaçador nas assombrosas asas em movimentações
Com pontas agudas projetadas por entre as articulações
Tremia o chão com suas passadas pesadas
E logo que avistou Infante, a face apavorada
Com violenta fúria, colérico então o atacou
E com sua pata de unhas pontiagudas o golpeou
E em sua direção desde as ventas lançou chamas
E Infante quase em choque ante o nefasto drama
Conseguiu num átimo se esquivar, mas foi atingido
Ficou chamuscado e também gravemente ferido
Apavorado e esbaforido numa gruta adentrou
Era a entrada de uma caverna que por sorte logo ali encontrou
E a entrada desta caverna por onde fugia
Do temido monstro que lhe perseguia
Não permitia sua passagem, ali assim barrado
E seguindo em fuga e tendo num relance pra trás olhado
via só um seu olho na entrada da caverna recortado
E Infante seguia ali correndo, totalmente abismado
E seguindo pela caverna numa saída do outro lado foi dar
E a floresta explorando, alimento e descanso a buscar
Encontrou uma cabana, morada de um velho de sábios conhecimentos
Que lhe acolheu e com ervas curativas cuidou de seus ferimentos
E deixando apenas as cicatrizes, seu machucado curou
E na arte da luta contra o dragão do mal o iniciou
Escudo resistente e lança afiada lhe ensinou a fazer
Para proteção e ataque, para o demônio abater
E após dias de lições e duros treinamentos
Já se feito preparado para o mortal enfrentamento
Do velho sábio despediu-se agradecido
Mas antes que dele se tivesse ido
Pôs em seu pescoço um colar cujo pingente
Era não menos do que de dragão um dente
E disse-lhe que lhe daria sorte
No seu iminente embate de morte
E assim retornou pela caverna que dias atrás cruzou
Fugindo da fera, da qual por pouco escapou
E da caverna por onde dias antes entrou apavorado, ao sair
Encontrou logo a fera indomável lhe esperando a rugir
Soltando pelas ventas uma fumaça escurecida
Batendo a pata no chão com força embrutecida
Ora uma ora outra pata no chão com furor batia
E assim atemorizante todo o chão ao redor tremia
E logo ao ver Infante, da caverna recém saído
Por onde dias antes se houvera dele escapulido
Tremendamente raivoso tórridas chamas lançou
Das quais, com seu escudo de metal se resguardou
O fogo em chamas o seu escudo esquentava
Mas Infante resistia e com resistência o segurava
Quase, de tão aquecido, o escudo largou
Quando aquele lufo de rajada se encerrou
E a dor da quentura na pele de Infante aliviou
Então Infante avançou e ante o monstro se colocou
O monstro com um golpe de pata sobre Infante investiu
Infante célere se esquivou, foi por pouco que o bicho não o feriu
Aproveitando o monstro no contrapé, Infante se jogou
Rolando rápido pelo chão para bem abaixo da sua barriga parou
O dragão ficou tanto perdido sem Infante poder avistar
E seguindo do velho a instrução para o dragão matar
Antes que o monstro mudasse de posição a lhe avistar assim
Tão aberto e vulnerável para liquidar Infante por fim
Sob a barriga do monstrengo a pontuda lança posicionou
E bem fundo no coração do malvado Infante cravou
Uma rajada de sangue férvido alcançou Infante
Enquanto o monstro, de morte ferido, gritava angustiante
Soltou um estrondoso e ensurdecedor rugido
Que através da caverna pelo Velho foi ouvido
A fazer-lhe saber com satisfação que seu instruído
Houvera felizmente o monstro feroz abatido
O monstro em danação angustiosa se esvaia
E logo pesadamente a monstruosidade no chão caia
Fazendo estrondoso barulho, de sobressaltar
E célere Infante teve que mais ainda no chão rolar
Para evitar que o monstro o esmagasse ao tombar no chão
E com o monstro morto caído, Infante se ergueu a se recompor então
E continuou em marcha, no caminho da ventura que buscava
E seguindo em frente na rota com mais alguns dias já divisava
Ao longe, do alto, a sua cidade sonhada
Que sob o sol rebrilhava seus picos, suas fachadas
E com mais alguns dias, por fim alcançaria
A cidade pela qual pelo mundo se aventuraria
Com toda a força divina e sapiência aprendida
Para construir seu sonho, o seu sonho de vida
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