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sexta-feira, 10 de junho de 2016

DESDITO LONGINO















I

Sob um infernal contexto de adversidades;
de dores tão mais agudas e intensas,
o  obstinado, sonhador, quimérico
Desdito Longino,
preso a uma  tão sinistra realidade,
incondicionalmente desfeito, vive
seus dias apoderado pela má sorte;
sentindo intensamente tão tórridas agruras,
padece mental, física e espiritualmente
numa zona obscura em que instado;
num vale abissal em que precipitado,
atazanado por sádicos demônios,
uns tantos seus mil e tantos algozes,
quais pontiagudas sangrentas garras
cravadas em sua carne até o âmago se si.
E faz-se em tropeços,  quedas e danos
e verte ardentes e negras lágrimas
de choros os mais aflitos e angustiados;
urros, gemidos, soluços a eclodirem de si
mais e mais, desde o seu tão dorido íntimo,
das tristezas das dores de tanto sofrimento...
E são torturantes apuros, agônicas tribulações
em que imerso se debate nas raias do desespero.

E pena sob um odioso e bestial
mundo maldoso de sórdidos e cruéis vilões;
raivosos, intolerantes, vingativos;
insensíveis, impiedosos;
dos mais baixos e grosseiros instintos;
ardilosos carrascos, judiadores,
que fazem-se em hordas de loucos,irados;
bárbaros linchadores...

Sob tão fatigantes lidas;
nos mais horrendos maus pedaços;
dolorosamente batido,
definha  sob este seu  fardo...
Aniquilado em sua essência,
vive situações tão dramáticas,
patéticas, vexatórias , vergonhosas,
em que incauto se vê envolvido;
escopo de escarnecedores do alheio tormento,
de línguas vis e ferinas,
a lhe atingirem com as mais ultrajantes
e ásperas palavras disparadas,
faiscantes, pungentes, cortantes,  penetrantes...

A autoestima jaz nos subterrâneos da desvalia;
e sob a qual evade-se em assoladores,
degradantes e dilacerantes vícios,
avivando latentes e espinhosos traumas.
E vai à tão funda depressão,
onde o suicídio o instiga
com insistente assédio.

E se irrompe incontido e indomável
numa tão irreverente rebeldia;
em exasperados descontroles compulsivos
e escândalos tantos os mais altissonantes.
Faz-se irado incompreendido problemático;  
fanático psicótico , obsessivo;
já um imundo do mundo das drogas,
afundando-se mais e mais
em erros, pecados ou crimes,
no lodaçal em que se faz seu estar
que se faz tanto quanto mais em mal estar,
quando não contido na ilusória sensação de bem estar
das suas tão mais constantes viagens alucinógenas.
E faz-se assim repulsivo, repelido;
desprezado, desdenhado, ao desabrigo;
sob constantes contendas e altercações;
em rastejantes humilhações;
como cão apedrejado;
negra ovelha dum rebanho;
de um rebanho de ovelhas negras.

Caído em poderosas e nefastas tentações,
feitiços de maldições,
que lhe guardavam sinistras armadilhas,
fez atraídas sobre si
as mais terríveis circunstâncias;
das mais  ruinosas conseqüências.
E em funestos enredos
se lhe configura assim a vida,
tomada em mordazes mal tratos e enrascadas.
E em si se faz o seu viver
um castigo a  lhe permear
na decretada miséria;
amarga e sem remédio,
um perdido, deserdado
numa convivência aflita, relegada;
em seu infortúnio que se dilata
mais e mais incontidamente...


II

E em momentos alguns lúcidos e conscientes;
momentos de profunda meditação,
Longino fita astros dados ao chão da Terra,
de brilhos solares, estelares, lunares;
raios  naturais, espontâneos, celestes;
brilhantes, espaciais, siderais,
a palpitarem sentimentos , sentidos;
tudo o que se vai num ser nestas vivências;
idiossincraticamente brilham em nuances próprias...
E reverberam até o tal amor, o grande amor,
o verdadeiro amor, luz do mundo, luminar...
E de muitos destes astros brilham por suas palavras
esta luz maior ; luz estelar ;de um herói estelar...

São límpidos na tez de viço, novos, reluzentes;
potentes, vibrantes,  pulsantes em suas existências;
fascinantes, atrativos
nas fontes suaves de  luzes e serenas que de si lançam,
plácidas, autocontidas,
ainda que quando em agitação conflituosa,
confusa , relutante, reclamante....

São avoantes aves de belezas em si
nas asas estendidas sobre o universo
revelando-se em amplidão e plenitude
dos altos céus da iluminação,
que se fazem seus domínios;
e nos faiscantes brilhos que emitem,
entre os incríveis aspectos de tais histórias,
passagens em que sob as mesmas são protagonistas,
revelam-se imagens que se manifestam vivas luminares a se vislumbrarem;
e nelas se transluz iluminado um primoroso lugar
um lugar seu imaginado; caminho;  seara de libertação;
libertador dos sonhos astrais ;
paragem onde nesses trâmites se chegar é uma saída,
para tal sofredor,  padecente em tal revés de sorte;
que quando já não mais cabe onde mais assim penar;
que quando não há mais caminho que assim se possa andar;
não mais onde se possa nesta querela assim estar ;
não mais onde se possa assim neste pandemônio chegar;
onde toda fortuna e sorte se completa
à toda  mais aquela que se tenha conquistado em si,
que se haja conquistado para si no penoso trajeto;
lugar achego, arrimo, condução;
base de lançamento estelar,
e que se encontra num retiro do dilatado mundo,
sob o qual se houve jogado à prova na procura;
prova em que um afoito idealista sonhador  se  debate  mundanamente
enquanto tal sítio aventa,
qual cegado num tão intrincado labirinto
sob o céu amplitude e num  adstrito tempo,
que de si se encolhe mais e mais,
tomado pelos atinentes e sucessivos lances em extensas sorveduras...
Primoroso lugar  num  esconso retiro do mundo
em que se aconchega, qual trem na estação...

E nos faiscantes brilhos que emitem,
entre incríveis aspectos de tais histórias,                                                 
iluminam-se, revelados  à sua espreita, ritos de passagem,
de redenção, de purificação ;
sacros altares e alianças;
celebrações, exultações e solenidades;
cerimônias de sagração e consagração;
tradições milenares; honrarias a respeitantes divindades,
a se preservam em crenças e fé desde remotos ancestrais,
e são nestes rituais reafirmados,
mormente se são tais astros exemplos testemunhais,
da veridicidade duma diva existência em presença para si;
fieis ao atinente bem assim então em si feito.
A partir deste  lugar sobrenatural, campo infindável da fertilidade,
segue um astro dado ao chão da Terra a diretriz da meta, do ideal,
tendo cumprido seus círculos existenciais do vir a ser, assomam venturosas;
e daí se cresce ao mundo  como uma iluminada semente do universo,
brotando em robustez desde firmadas raízes, troncos, flores
manifestam diligentes,
fundamentados e gloriosamente eternos;
diligentes da vida, a cuidar do bem;
não se negando à existência a própria luz, o próprio amor
a derramar no mundo, livre em asas do pensamento,
do sentimento no mais caro porvir,
gozando o  todo da conquista da realização;
desfrutando o todo do desejo,
como perfeitos seres, positivos...

E há  astros dados ao chão da Terra que são estelares científicos;
dum mecanismo cósmico preciso,
qual miraculosa magia,
deus, subentendido,
tão certo, exato, raciocínio,
de recursos atinentes a tais longinos reveses,  
que se fazem em si poder
de força libertação e reversão
do contexto sob o qual expia
como graça , visão...
E Longino vislumbra e vê nestes astros...

 III

E ante os brilhos desses astros dados ao chão da Terra
Longino tem a clara visão de si neste padecer,
e em todo o contexto do viver,
vencido sob os artifícios do mundo do contra seu assomo,
ante os brilhos luminares destes astros dados ao chão da Terra,
Longino vislumbra, espreita, entrevê e vê.
E Longino  relembra e sonha...

E quando à sua realidade se torna,
se vê tão passado desta terra de promissão ,
pela qual passou ao largo,
sem suas benesses, sem seu tudo o mais;
se vê, sim,  na sequência do infernal contexto de adversidades;
no mais lúgubre ostracismo,  abandono, isolamento;
desprezado, maltratado; em apuros contundentes , agudos;  
tribulações dignas de quem paga terríveis iniqüidades...
E dá-lhe febres e calafrios de suores quentes e frios;
ferrado em vícios que reforçam destroços internos...
Ante o brilho dos astros dados ao chão da Terra,
Logino divisa seu ser encerrado na praia do mundo,
entre possíveis outros, frustrantemente morto...
Um morto na praia, numa visão noturna,
tétrica, sinistra,  seu espírito cravado
em macabro ambiente de negras e agourentas aves
em galhos secos de árvores mortas;
rapináceos de bicos aquilinos
devorando fétidos defuntos;
e muitos ossos humanos cranianos
espalhados;  caveiras  semi-enterradas
em seco solo, agreste,
sobre o qual serpentes serpenteiam
sob o céu trevoso, sem brilho,
de morcegos sobrevoantes...

E Longino pensa na tal luz maior;
no raio desta luz estelar;
no socorro cósmico deste herói estelar,
inimaginável mas verdadeiro,
de atos e poderes mágicos,
a fazer suster-se em paz perene,
entre as estrelas das vias celestes,
a levar à tona náufragos submersos
com suas atlântidas em si;
a fazer astros ainda mais heróicos e belos,
de gozos de sensações nirvânicas,
viajando em campos paradisíacos...

IV

E Longino segue vivendo , sonhando...
E se vendo um tanto de si em aspectos
que brilham os astros dados ao chão da terra...
E segue na sequência do adverso contexto,
mas mais e mais com seu sofrimento se calejando,
se acostumando,  e assim sofre progressivamente menos...
E sempre mais com ele vai aprendendo...
Compreende-se circunscrito em sua dose certa de paixão,
apegado à sua filosofia, qual proteção e segurança...
E contudo se mantém a vida de cabeça pra cima
Em tranqüila serenidade, com tão menos encafifações
e tão mais tolerância.. 
Compreensão...







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