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terça-feira, 8 de julho de 2014

A SELEÇÃO BRASILEIRA E A NOSSA REALIDADE




















A seleção brasileira
já não mais ganha esta Copa.
Voltamos mais cedo
à nossa realidade
dos excluídos,
dos sem-terra,
dos sem-teto,
dos catadores de lixo,
dos necessitados,
dos desassistidos;
das favelas e invasões,
das comunidades sem saneamento,
das encostas soterradoras,
dos meninos de rua,
à mercê da delinqüência,
a conviverem no vício e no crime;
que também já não se convocam
craques da nossa ginga, do nosso drible,
da nossa malícia, da nossa catimba,
mas sim os durões enrijecidos
da Europa, europeizados,
ainda que estejam lá
nos bancos de reservas.


A seleção brasileira
já não levanta o caneco nesta Copa.
Voltamos mais cedo
à nossa realidade
da violência generalizada,
da marginalidade incessante,
das balas pedidas,
das rebeliões nas cadeias,
em superlotados presídios;
dos presuntos
a amanhecerem desovados;
que também já não há
amor à camisa
nem corações nas chuteiras,
mas sim saltos altos
nas vitrines das fortunas.

A seleção brasileira
não vai ainda ser hexa.
Voltamos mais cedo
à nossa realidade
das greves dos trabalhadores
Insatisfeitos,
da Segurança insegura,
da Educação deficiente,
da Saúde doente,
das filas imensas e torturantes,
da distribuição de renda indecente,
dos salários deficientes,
minguados ainda mais pela agiotagem
de financeiras vampirescas
e juros criminosos,
dos impostos e taxas aviltantes,
dos políticos corruptos,
da impunidade,
que também não se valoriza
mais a criatividade dos gênios
a jogarem livres no gramado,
presos que estão
a rígidos esquemas táticos,
que lhes sabotam a inteligência
e fazem a torcida sem vibração.

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