após jogar-se no mundo à mercê de sorte ou azar,
rebelada reação a um desengano capital,
deliberou-se a lançar-se em suas comprovações,
destravando sua dor, liberando seu amor...
Tanto já se compenetrara reflexivo;
pesara já seu bem , pesara já seu mal;
se houvera já existencialmente analisado
as fases críticas e também as nirvânicas;
houvera já longe aventurado, viajado
e retornado d’um fenomenal desenlace.
E tendo alcançado renovada consciência,
idealizou resoluto sua virtual tribuna;
seu canal de emissão para explodir sua versão,
sua ciência racional, aliada ao sobrenatural,
numa magnífica visão, de integral abrangência;
sua base de conhecimento; experiência
de funda vivência, de espantoso atino;
sua bagagem acumulada do que houvera sido
nas rotas de sua incursão.
E concebeu sua potencial tribuna
num revigorante humanismo
que se reiterasse infinitamente
a reavivar o amor humano
como fundamento da convivência,
pela harmonia universal.
E se postaria sua imaginada tribuna
num altíssimo plano, sobrelevada;
futuristicamente idealizada,
a fluir poder de preleção,
de uma eloquência imponente,
qual d’um arauto d’uma nova ordem,
a desvendar aspectos da verdade,
elucidada de atravanques de razões ;
exposta de imprecisões
subjetivas;
do que estampam
corações;
em revelações de si;
exata como matemática
em lógica determinista
de singular filosofia,
a fazer unir pensamentos,
pra lá do reino da imaginação.
E a essência do que demonstra
se insinua um algo do aqui e do além;
do material e do espiritual,
num caráter misto.
unidade de dualidades,
de dicotomias,
de coesão total;
e se faz revestida a aura
em ouro solar; em prata do luar;
e intenso se reverbera
em brilhantes faíscas de luz;
arquétipo visível do mito
na transparência máxima.
DESFOLHANDO NOVOS DIAS
Quando no mais crítico ponto da
espiral regressiva
da infernal loucura do juízo
atormentado;
o senso em perdição num terráqueo
padecente,
como outros tantos n’outros
recantos tantos,
de aflição tanta, incomum, de
matar, de morrer;
de se matar; de se morrer ; a
gerar consternação
sem solução, por qualquer atitude
solidária,
prática e precisa que ensejasse a
mudança:
o seu retorno a si... E mesmo a
chuva
já lhe chorava em pingos de
consolações,
quando o surpreendente fenômeno
foi se dar- à sua mente, e fez o
jovem Franco de Jesus
arrebatado pela constatação de
tal :
princípio vivo, oculto numa lei
de causa e efeito,
como automatismo imperscrutável da
natureza;
Uma irrevelada engrenagem vital,
deveras celeste...
E o pensamento assim elevado fazia-o
a refrear-se
no caminho da perdição, a
resgatar-se da tribulação;
a desviar-se da desventura.
Mais misteriosa do que imagina qualquer
vã filosofia,
é a flagrante interferência que
se dá à consciência
e mais ainda: força para agir
intentos de transformações;
dissolução dos entraves que
emperram um viver,
pois ainda haveria de seguir caminhos
de magnas agonias
no intento de buscar se
liberar-se de impregnação neurótica,
sem saber se atesta-se cura.
E passou ao largo do abismo infernal,
sob o qual se condenaria,
no que seria outra a sua
história.
E o quão literalmente fatal
poderia ter sido,
até chegar ao fim do escuro
túnel,
onde a luz da alumiação cintila
então,
alumiando-lhe em torno geral;
lhe removendo o desassossego;
apontando-lhe a visão numa
inesperada direção,
em que o seu sol se refez no
paradisíaco brilho.
Franco de Jesus é vizinho de Zé Devoto, que
lhe instiga a seguir
como ele, buscando convencê-lo d’umas
e d’outras
d’uns escritos de alma e salvação, como a toda população.
Franco de Jesus vai declinando, seguindo bem
mais no novo de si,
na verdade que se lhe apresentara
diversa ;
no vida é viver, simplesmente.
Mas lança seu olhar de
compreensão
nas razões de Zé na devoção, a
praticar sua religião
com fé e veneração, em integral
ocupação;
seguindo como irmão a palavra da
pregação.
E tanta é de Zé a dedicação, que
ajuda a congregação,
no templo da sua adoração onde
junta as mãos
em fervorosas orações; nos ritos
de sagrações;
Em todas as concernentes celebrações;
nos cantos de louvações, na
mensal doação.
E sente-se Zé em exultação, tomado
em sagrada missão;
e sente-se o próprio varão, que
tem do céu a aprovação.
E São lança seu olhar de
compreensão
Em nas causas e Zé, e em mais também:
na crença da ressurreição; no
caráter das procissões;
nas ceias de vinho e pão; no
poder da cabal paixão,
ainda que Caraúna Teobaldo, irredutível
na matéria então,
o tome em alienação, sem a
percepção, por curta visão
da realidade em sua extensão, entendendo-o
na ilusão
por ópio outro do qual se
inebria, e mais o critica em reação
pela ‘equivocada’ ação de se gerar acomodação;
por se ausentar da solução pela
política revolução
contra a exploração dos tiranos da nação.
Franco de Jesus lança seu olhar
de compreensão
sobre Caraúna Teobaldo também...
Mas já não pode desconsiderar
místicos poderes, mundo outro,
d’outra forma de ser,
d’outro sistema adjacente,
que venha a ser devir
universal...
Franco de Jesus lança seu olhar
de compreensão
sobre toda filosofia teísta de fé,
e considera corações de amor,
de tanto bem-querer, que a custos
cabem
na humana convivência de
desarmonias,
de sofrimentos d’uns pelos outros
desde tão remotos tempos...
Zé Devoto lhe insiste na sua
concepção
de vida pra lá da morte, aludindo
a alma e salvação;
a inferno e maldição; a Satanás e
legiões;
a pecados e perdões,
enquanto Franco de Jesus lhe dá
atenção
e lhe lança o olhar de
compreensão,
enquanto já se dá em satisfação
pelo que já tem alcançado de salvação
já na vida pra cá da morte:
o desvio da própria destruição,
por aquela luz da alumiação,
onde se resguarda.
E nesse vislumbre intenso de
plenitude cósmica,
de transcendentalismo, vive a
desfolhar novos dias,
no mais ver, no mais viver, cuidando
das suas afeições,
no paraíso terrestre, pela luz da
iluminação,
que lhe impregnou sentimento e razão.
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