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domingo, 12 de agosto de 2012

ESSÊNCIA




 Tendo chegado a termo em seu arrojo cego,

após jogar-se no mundo à mercê de sorte ou azar,

rebelada reação a um desengano capital,

deliberou-se a lançar-se em suas comprovações,

destravando sua dor, liberando seu amor...



Tanto já se compenetrara reflexivo;

pesara já seu bem , pesara já seu mal;

se houvera já existencialmente analisado

as fases críticas e também as nirvânicas;

houvera já longe aventurado, viajado

e retornado d’um fenomenal desenlace.



E tendo alcançado renovada consciência,

idealizou resoluto sua virtual tribuna;

seu canal de emissão para explodir sua versão,

sua ciência racional, aliada ao sobrenatural,

numa magnífica visão, de integral abrangência;

sua base de conhecimento; experiência

de funda vivência, de espantoso atino;

sua bagagem acumulada do que houvera sido

nas rotas de sua incursão.



E concebeu sua potencial tribuna

num revigorante humanismo

que se reiterasse infinitamente

a reavivar o amor humano

como fundamento da convivência,

pela harmonia universal.



E se postaria sua imaginada tribuna

num altíssimo plano, sobrelevada;

futuristicamente  idealizada,

a fluir poder de preleção,

de uma eloquência imponente,

qual d’um arauto d’uma nova ordem,

a desvendar aspectos da verdade,

elucidada de atravanques de razões ;

exposta  de imprecisões subjetivas;

do que  estampam corações;

em revelações de si;

exata como matemática

em lógica determinista

de singular filosofia,

a fazer unir pensamentos,

pra lá do reino da imaginação.



E a essência do que demonstra

se insinua um algo do aqui e do além;

do material e do espiritual,

num caráter misto.

unidade de dualidades,

de dicotomias,

de coesão total;



e se faz revestida a aura

em ouro solar; em prata do luar;

e intenso se reverbera

em brilhantes faíscas de luz;

arquétipo visível do mito

na transparência máxima.






DESFOLHANDO NOVOS DIAS


                                           

Quando no mais crítico ponto da espiral regressiva
da infernal loucura do juízo atormentado;
o senso em perdição num terráqueo padecente,
como outros tantos n’outros recantos tantos,
de aflição tanta, incomum, de matar, de morrer;
de se matar; de se morrer ; a gerar consternação
sem solução, por qualquer atitude solidária,
prática e precisa que ensejasse a mudança:
o seu retorno a si... E mesmo a chuva
já lhe chorava em pingos de consolações,
quando o surpreendente fenômeno
foi se dar- à sua mente, e fez o jovem Franco de Jesus
arrebatado pela constatação de tal :
princípio vivo, oculto numa lei de causa e efeito,
como automatismo imperscrutável da natureza;
Uma irrevelada engrenagem vital, deveras celeste...
E o pensamento assim elevado fazia-o a refrear-se
no caminho da perdição, a resgatar-se da tribulação;
a desviar-se da desventura.

Mais misteriosa do que imagina qualquer vã filosofia,
é a flagrante interferência que se dá à consciência
e mais ainda: força para agir intentos de transformações;
dissolução dos entraves que emperram um viver,
pois ainda haveria de seguir caminhos de magnas agonias
no intento de buscar se liberar-se de impregnação neurótica,
sem saber se atesta-se cura.

E passou ao largo do abismo infernal,
sob o qual se condenaria,
no que seria outra a sua história.
E o quão literalmente fatal poderia ter sido,
até chegar ao fim do escuro túnel,
onde a luz da alumiação cintila então,
alumiando-lhe em torno geral;
lhe removendo o desassossego;
apontando-lhe a visão numa inesperada direção,
em que o seu sol se refez no paradisíaco  brilho.

Franco de Jesus é vizinho de Zé Devoto, que lhe instiga a seguir
como ele, buscando convencê-lo d’umas e d’outras
d’uns escritos de alma e salvação, como a toda população.
Franco de Jesus vai declinando, seguindo bem mais no novo de si,
na verdade que se lhe apresentara diversa ;
no vida é viver, simplesmente.
Mas lança seu olhar de compreensão
nas razões de Zé na devoção, a praticar sua religião
com fé e veneração, em integral ocupação;
seguindo como irmão a palavra da pregação.
E tanta é de Zé a dedicação, que ajuda a congregação,
no templo da sua adoração onde junta as mãos
em fervorosas orações; nos ritos de sagrações;
Em todas as concernentes celebrações;
nos cantos de louvações, na mensal doação.
E sente-se Zé em exultação, tomado em sagrada missão;
e sente-se o próprio varão, que tem do céu a aprovação.
E São lança seu olhar de compreensão
Em nas causas e Zé,  e em mais também:
na crença da ressurreição; no caráter  das procissões;
nas ceias de vinho e pão; no poder da cabal paixão,
ainda que Caraúna Teobaldo, irredutível na matéria então,
o tome em alienação, sem a percepção, por curta visão
da realidade em sua extensão, entendendo-o na ilusão
por ópio outro do qual se inebria, e mais o critica em reação
pela ‘equivocada’  ação de se gerar acomodação;
por se ausentar da solução pela política revolução
contra a exploração dos tiranos  da nação.

Franco de Jesus lança seu olhar de compreensão
sobre Caraúna Teobaldo também...
Mas já não pode desconsiderar
místicos poderes,  mundo outro,
d’outra forma de ser,
d’outro sistema adjacente,
que venha a ser devir universal...

Franco de Jesus lança seu olhar de compreensão
sobre toda filosofia teísta de fé,
e considera corações de amor,
de tanto bem-querer, que a custos cabem
na humana convivência de desarmonias,
de sofrimentos d’uns pelos outros
desde tão remotos tempos...

Zé Devoto lhe insiste na sua concepção
de vida pra lá da morte, aludindo a alma e salvação;
a inferno e maldição; a Satanás e legiões;
a pecados e perdões,
enquanto Franco de Jesus lhe dá atenção
e lhe lança o olhar de compreensão,
enquanto já se dá em satisfação
pelo que já tem alcançado de salvação
já na vida pra cá da morte:
o desvio da própria destruição,
por aquela luz da alumiação,
onde se resguarda.

E nesse vislumbre intenso de plenitude cósmica,
de transcendentalismo, vive a desfolhar novos dias,
no mais ver, no mais viver, cuidando das suas afeições,
no paraíso terrestre, pela luz da iluminação,
que lhe impregnou  sentimento e razão.

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